10 motivos para você falar mais no seu curso de idioma

17 de out. de 2020
Para continuar as comemorações de dia dos professores, hoje vamos compartilhar uma super conteúdo que um de nossos profissionais da equipe acadêmica criou e ajudou toda a galera que faz algum curso de idioma a melhorar seus aprendizados.
Estão preparados!? Então aproveite até o final!
Para muitos alunos que começam a aprender uma língua estrangeira, a habilidade mais difícil de desenvolver é a da fala.
E isso ocorre por questões variadas.
Por exemplo, a fala se trata de uma habilidade produtiva, ou seja, é quando você precisa articular todos os conhecimentos aprendidos para realmente produzir. E aí você se depara com obstáculos, como falta de vocabulário, dificuldade de estruturar frases, inconsistências gramaticais etc.
A escrita (que também é uma habilidade produtiva) costuma ser vivenciada com menos dificuldade, pois ela abre ao aluno a possibilidade de pensar antes de colocar as palavras no papel. E mesmo depois de redigidas, ele pode ainda as reler, corrigir-se, apagar, escrever de novo etc.
A fala não permite isso. O que foi dito, foi dito. Ao contrário da escrita, na interação oral você não tem muito tempo para pensar nas palavras, nem para colocá-las cuidadosamente uma ao lado da outra. Você também não tem a chance de visualizar, como no papel, a frase depois de iniciada.
Por isso, a fala acaba sendo um dos maiores obstáculos, exigindo muito treino e uso, e se desenvolve conforme o aluno se defronta concretamente com suas dificuldades. Isso se faz falando!
E não é necessário produzir somente frases corretas para desenvolvê-la. Produzir frases incorretas é, ao contrário do que muitos pensam, parte do processo.
Abaixo, listo 10 motivos para você falar e interagir mais no seu curso de idiomas, e que podem sustentar e reforçar seu trajeto até a competência oral desejada.

1. Só se aprende a falar falando

Talvez essa seja a frase mais dita por professores de línguas para convencer seus alunos a se expressarem. E é uma frase cientificamente sustentada.
Em um passado não muito distante, algumas abordagens linguísticas acreditavam que a língua estrangeira era adquirida e processada da mesma forma que a língua materna — ou seja, que o aluno, em completo silêncio, deve ouvir os outros falando por meses, talvez anos, até que a língua naturalmente brote dele.
Hoje, entende-se que a aquisição da língua materna e a aprendizagem da língua estrangeira ocorrem em contextos sociais e biológicos diferentes. Fatores que influenciam, por exemplo, são a idade, ambiente em que se vive, quantidade de falantes nativos com o qual o indivíduo tem contato etc.
É por isso que as abordagens e métodos mais modernos pedem que os alunos sejam convocados à fala desde o primeiro dia de aula, e desenvolvam a competência oral junto com as outras.
Antigamente, acreditava-se que o erro era um desvio que devia ser evitado. Nas abordagens mais modernas, o erro é visto como parte natural do processo de aprendizagem.
Sabe aquela famosa frase “é errando que se aprende”? Na aprendizagem de línguas, ela é muito bem-vinda.
O aluno, conscientemente ou não, cria hipóteses a respeito da língua e testa tais hipóteses na fala. Com isso, ele consegue ter um retorno sobre aquilo que produziu: estava certo ou não? Ocorre também que ele próprio passa a desenvolver a capacidade de autocorreção e verificar o que ele mesmo está errando conforme vai produzindo.

2. Errar é importante

Antigamente, acreditava-se que o erro era um desvio que devia ser evitado. Nas abordagens mais modernas, o erro é visto como parte natural do processo de aprendizagem.
Sabe aquela famosa frase “é errando que se aprende”? Na aprendizagem de línguas, ela é muito bem-vinda.
O aluno, conscientemente ou não, cria hipóteses a respeito da língua e testa tais hipóteses na fala. Com isso, ele consegue ter um retorno sobre aquilo que produziu: estava certo ou não? Ocorre também que ele próprio passa a desenvolver a capacidade de autocorreção e verificar o que ele mesmo está errando conforme vai produzindo.

3. É importante saber o que fazer com feedbacks

Não é saudável que o aluno enxergue o professor como uma autoridade máxima que detém todo o conhecimento daquilo que ensina.
Da mesma forma, os feedbacks devem ser recebidos criticamente.
Se você recebe um feedback e realmente entende por que tais correções foi feita, não tem problema. Basta levar isso consigo para que tente não errar mais.
Mas se você não entende muito bem por que o feedback foi dado, qual deve ser sua posição?
  • Aceitar, afinal, o professor sabe o que está falando;
  • Ir atrás da explicação até que eu entenda.
Só uma leva realmente à aprendizagem, não?

4. Falar ajuda na pronúncia

Hoje, professores e pesquisadores da área entendem que o objetivo de falar uma língua de forma competente não é, necessariamente, falar com pronúncia perfeita, como se fosse um falante nativo.
O que a gente chama de competência comunicativa é, como o próprio nome diz, comunicar-se com competência, de forma que os outros entendam e as interações se estabeleçam. A pronúncia perfeita, então, não é mais um objetivo.
Entretanto, a pronúncia pode se tornar um problema quando seus interlocutores não a entendem. Isso pode incorrer também, por exemplo, em dizer uma palavra e as pessoas entenderem outra, que altere o significado do que você disse. Nesses casos, a pronúncia afeta diretamente o desempenho comunicativo, resultando, sim, em um problema que precisa ser ajustado.

5. Produzir ajuda a desenvolver estratégias

É na produção que nos deparamos com aquilo que não conseguimos falar (ou aquilo que já aprendemos, mas, por algum motivo, não lembramos).
Tanto no treinamento da fala quanto da escrita, desperta-se no aluno a consciência de que algumas estratégias podem ser utilizadas para dar conta daquilo que ele não sabe falar: usar sinônimos, simplificar o que está querendo dizer, explicar o significado de uma palavra em vez de dizê-la, recorrer a outras línguas estrangeiras comum aos falantes, etc.

6. A fala desenvolve a memória

Caso particular: dou aula de alemão. Para quem não sabe, a estrutura de uma frase em alemão é mais rígida do que estamos acostumados em português.
O verbo vem, tradicionalmente, na segunda posição da frase (assim como na nossa língua):
  • Eu vou ao cinema.
  • Ich gehe ins Kino.
Porém, quando há dois verbos, o que pode ocorrer com o uso de verbos modais (poder fazer, precisar fazer, dever fazer, querer fazer etc.), o outro verbo, no infinitivo, vai para o final da oração, e isso destoa muito da nossa língua ou do inglês:
  • Eu quero ir ao cinema.
  • Ich will ins Kino gehen.
Isso tem como consequência que, quando uma sentença longa é dita, os verbos ficam bastante separados:
  • Eu quero ir ao cinema sexta-feira à noite depois da aula com meu melhor amigo.
  • Ich will am Freitagabend nach dem Unterricht mit meinem besten Freund ins Kino gehen.
Na fala, quando a gente produz uma frase dessas, facilmente caímos no esquecimento de como a iniciamos. Assim, chegamos ao final dela nos perguntando:
  • Como eu comecei a frase mesmo?
  • Qual verbo eu tinha que usar agora?
  • Ou será que eu já disse todos os verbos?
Assim, falar ajuda também a forçar esse raciocínio que, por sua vez, contribui para o fortalecimento da memória. Com muita prática, você consegue guardar o início da frase e, ao final, lembrar como deve terminá-la.

7. Falar contribui para a autoconfiança e a afetividade

Passando agora para os sentimentos do aluno dentro do processo de aprendizagem, existem dois que são fundamentais:
  • um sentimento interno, do aluno consigo mesmo, que é a autoconfiança;
  • um sentimento externo, do aluno com a língua, que é a afetividade.
Um aluno sem confiança cria barreiras para a fala. E, ao ver os colegas se desenvolvendo aparentemente melhor que ele, esse bloqueio se multiplica. Entramos em uma espiral eterna de falta de confiança e baixa autoestima.
O mesmo acontece quando o aluno não cria um vínculo afetivo com a língua. Sem esse sentimento, há bastante dificuldade de se entregar, pensar de acordo com a lógica do idioma e se engajar autonomamente no estudo.
Conforme a fala vai se desenvolvendo, o aluno vai criando cada vez mais coragem e autoconfiança para não ficar em silêncio. E, pela fala, o vínculo afetivo com a língua se reforça, pois você passa a enxergá-la com outros olhos: ei, eu consigo falar! Não foi tão ruim assim! A língua não é mais um monstro para mim, mas uma companheira!

8. Falar ajuda na interação

Não dá para desenvolver a comunicação sem considerar os outros.
A comunicação não é um monólogo, mas sim uma troca.
Se você fala, precisa ouvir, lidar com as opiniões dos outros, saber responder e reagir ao que os outros dizem e opinam.
Não existe competência comunicativa sem competência social, sem saber como prosseguir com os outros em uma interação. Por outro lado, interações bem-sucedidas ajudam você a fazer novos amigos, tanto no curso quanto no país em que se fala a língua-alvo.

9. Falar ajuda a pensar na sua própria postura em relação à comunicação

Em língua materna, a gente se comunica instintivamente. A comunicação surge de forma natural, ela é resultado das necessidades sociais que temos.
Quando aprendemos uma língua em um curso, se não estamos inseridos no país em que se fala aquela língua (ou seja, se não dependemos dela para comprar um pão e se alimentar, por exemplo), a comunicação é desenvolvida de forma mais consciente.
Isso pode alterar toda a sua postura em relação à comunicação no geral, inclusive em língua materna. A forma como você se comunica, se expressa, reage e responde em português pode ser beneficiada pela consciência comunicativa adquirido no estudo de outra língua.
Quantas vezes, quando precisamos desempenhar um diálogo no nosso curso (por exemplo: em inglês, convencer um amigo a dar uma volta no fim de semana), não nos deparamos com os seguintes questionamentos: agora que meu colega me deu essa resposta, o que eu falo? O que eu sei falar? O que eu falaria na minha própria língua para continuar essa conversa? O que é ou não é adequado falar? Que respostas possíveis ele me dará?
E dependendo da resposta que você escolhe, você percebe se a reação dele é o que você esperava ou não — na próxima, talvez você escolhesse a outra opção.

10. Falando, você colabora com o professor

Por último, mas não menos importante, a fala é uma das formas para se manter a aula fluida. Já estão ultrapassados aqueles modelos de aula em que o professor fala, fala, fala e o aluno escuta, escuta e escuta. Neste texto, foram dados motivos e razões para que você não fique em silêncio.
O silêncio é importante em diversos momentos: durante as leituras, ou enquanto você escreve um texto, ou ainda quando todos estão refletindo sobre algum tema.
Mas o professor, em vários instantes, precisa dos alunos participando ativamente.
Aula de língua não é um podcast: é interação. Deixar o professor falando sozinho é, mais do que prejudicar seu próprio aprendizado, uma forma de limitar a atuação do profissional que se preparou para estar ali e dialogar com vocês.
Uma aula onde as pessoas dialoguem com o professor e com os colegas, onde as pessoas riem, trocam opiniões e vivências interessantes em língua estrangeira é muito mais rica e produtiva do que uma aula onde só um lado fala e o outro só escuta.
Toda a equipe DEKRA agradece o apoio do professor Victor Tanaka pela disponibilização dos conteúdos aqui desenvolvidos <3
Até a próxima!